Caso Miguel: primeira audiência de processo movido por Sari Corte Real contra Luana Piovani é marcada após quase um ano
12/09/2025
(Foto: Reprodução) Luana Piovani e Sari Corte Real
Reprodução/Instagram/TV Globo
Foi marcada a primeira audiência de instrução do processo movido por Sari Corte Real, ex-patroa da mãe do menino Miguel, que morreu ao cair do 9º andar de um prédio de luxo no Recife em junho de 2020, contra a atriz Luana Piovani. A sessão está programada para o dia 2 de outubro e será realizada de forma virtual.
Ré na Justiça por deixar a criança sozinha no elevador e depois apertar o botão para a cobertura, Sari processou Luana Piovani por danos morais em novembro de 2024, depois que a influenciadora publicou vídeos comentando sobre o caso no Instagram. Na ação, ela alegou que as declarações da artista "violaram sua honra" e pediu uma indenização de R$ 50 mil.
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O processo é analisado pela juíza Ana Claudia Brandão de Barros Correia e corre na Seção A da 29ª Vara Cível da Capital, que fica no Fórum Rodolfo Aureliano, no bairro da Ilha Joana Bezerra, na área central da cidade.
Ao g1, Luana Piovani disse que enxerga o processo como "uma grande vergonha para o Judiciário" e uma "falta de decoro" por parte de Sari.
"Como se não bastasse ela [Sari Corte Real] ainda estar em liberdade, aguardando não sabemos o quê, ela ainda tem a falta de decoro de me processar querendo indenização por danos morais. Se isso não é uma vergonha para o Judiciário, eu não sei o que é", declarou a atriz.
A influenciadora afirmou, ainda, que vem sendo processada por pessoas como Sari, que já foram alvos de críticas feitas por ela na internet.
"Os algozes do Brasil ficam com raiva da minha voz clamando por justiça. Então, resolvem me processar. Não tem nada, não. A voz do povo é a voz de Deus, eu vou ganhar mesmo se perder, pois mostro que tenho caráter, que estou sempre do lado certo e que sou humana", afirmou.
Procurado, o advogado de Sari Corte Real disse que a defesa espera que, no processo, a atriz "confesse os abusos cometidos, sobretudo diante de provas tão evidentes".
Processo por danos morais
A ação tramita no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) desde 22 de novembro do ano passado. Na petição, a defesa de Sari Corte Real anexou três vídeos postados pela atriz nos stories do Instagram, no dia 18 de setembro de 2024. Em um deles, a atriz cobra do governo de Pernambuco ajuda para agilizar o processo penal contra Sari e chama o marido dela de "corrupto".
Em outro vídeo, a influenciadora compartilhou uma publicação da mãe de Miguel e pediu "cadeia para os criminosos Sari e Sérgio", marcando os perfis do presidente Lula (PT) e da primeira-dama, Janja da Silva.
No terceiro story, a atriz compartilhou outro vídeo de um influenciador que comenta sobre a suspensão da indenização à família de Miguel e escreveu na legenda: "Po***, façam alguma coisa!", marcando, novamente, os perfis de Lula e Janja e as páginas do governo de Pernambuco e do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O advogado Danilo Heber de Oliveira Gomes, que representa Sari no processo, disse ao g1 na época que moveu a ação para conter o que chamou de "exageros" e de "campanha contra Sari" encampada pela influenciadora, com "declarações ácidas", nas redes sociais.
Após as informações sobre o processo virem a público, a influenciadora disse, em sequência de stories no Instagram, que a ação movida por Sari representava uma "inversão de valores muito maluca" e fez críticas à demora na tramitação dos processos judiciais contra a ex-patroa da mãe de Miguel (veja vídeo abaixo).
'Inversão de valores', diz Luana Piovani sobre ação movida por Sari Corte Real
Relembre o caso
Laudo pericial sobre a morte do menino Miguel desmente versão de Sari Corte Real
Em 2 de junho de 2020, Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, caiu do 9º andar do Condomínio Pier Maurício de Nassau, no bairro de São José, no Centro da cidade;
Mirtes, mãe dele, tinha descido ao térreo para passear com a cadela dos patrões, enquanto a então patroa, Sari Corte Real, responsável por cuidar do menino naquele momento, pintava as unhas com uma manicure;
O garoto ficou no apartamento de Sari, localizado no 5º andar e, num determinado momento, correu até o elevador;
Imagens de uma câmera de segurança mostram Sari Corte Real apertando um botão do elevador e deixando a porta fechar com o menino dentro (veja vídeo acima);
Um laudo pericial concluiu que o botão que Sari apertou levava o elevador para a cobertura do edifício;
O vídeo mostra, ainda, o equipamento parando no 9º andar e o garoto saindo da cabine;
Perdido, Miguel caminhou até um vão onde fica o maquinário dos aparelhos de ar-condicionado e caiu no térreo, morrendo enquanto era socorrido;
Sari foi presa em flagrante na época e autuada por homicídio culposo, mas pagou fiança de R$ 20 mil e foi liberada;
Em 2021, Mirtes Renata começou a cursar direito, para entender melhor os trâmites processuais do caso do filho;
Com a repercussão do caso, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) criou o Instituto Menino Miguel, voltado para discussões sobre infância, família e envelhecimento;
Em 2022, em visita ao instituto, a mãe do garoto homenageou a cantora e compositora Adriana Calcanhotto, que em 2020 compôs a canção "2 de Junho" sobre a morte de Miguel;
Em maio de 2022, Sari foi condenada a oito anos de prisão e seis meses de prisão por abandono de incapaz com resultado morte, porém, em novembro do ano seguinte, a pena foi reduzida a sete anos;
Além do processo criminal, o casal Sari e Sérgio Hacker responde a uma ação trabalhista por convocar as ex-funcionárias Mirtes Renata Santana e Maria Marta, mãe e avó de Miguel, para trabalhar durante a pandemia e por pagar os salários delas com dinheiro da prefeitura de Tamandaré;
O processo, que condenou o casal a pagar uma indenização de R$ 1 milhão à família do menino, foi suspenso pelo STJ em setembro de 2024;
A família do menino também entrou com uma ação cível contra Sari por danos morais, pedindo uma indenização de R$ 1 milhão;
Em maio de 2023, um abaixo-assinado com quase 2,8 milhões de assinaturas pediu celeridade no julgamento sobre o caso;
No mês seguinte, Sari Corte Real se matriculou no curso de medicina numa faculdade particular;
A defesa de Sari recorreu em todos os processos movidos contra ela, que segue em liberdade quase cinco anos após a morte de Miguel.
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