Família de homem morto com facada de ex-companheira cita outras agressões: 'Quebrou um telefone na cara dele', diz irmã
02/07/2025
(Foto: Reprodução) Relacionamento durou cerca de dois anos. Defesa da mulher diz que ela sofreu ameaças de morte e violência psicológica e que o ex-companheiro a provocou com uma faca. Vídeo mostra homem provocando mulher com faca antes de ser morto por ela com filho bebê
O homem de 30 anos assassinado pela ex-companheira, de 23 anos, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, havia contado para amigos e familiares que estava em um relacionamento conturbado, segundo parentes dele. Na quinta-feira (26), ele estava com o filho de 11 meses no colo quando foi esfaqueado pela jovem (veja vídeo acima).
"Uma vez ela agrediu ele com um telefone, que quebrou um telefone na cara dele. Outra vez, ela puxou a faca para ele e ele chegou na casa do meu tio, chorando", contou a irmã do homem ao g1.
Procurada, a defesa da mulher disse que ela agiu em legítima defesa e "foi vítima de reiterada violência psicológica ao longo do relacionamento, marcado por episódios de controle e ciúmes por parte do ex-companheiro" (saiba mais abaixo).
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Os relatos de agressões foram frequentes ao longo de quase dois anos de relacionamento, de acordo com a irmã do homem, que contou que ele e a jovem começaram a morar juntos pouco tempo depois de se conhecerem. Em novembro de 2024, eles se mudaram para a residência onde o crime aconteceu.
Uma câmera de segurança instalada na casa filmou a mulher esfaqueando o ex-companheiro. Ela foi presa em flagrante e está em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. O homem foi socorrido, mas morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Engenho Velho, em Jaboatão.
Mulher esfaqueou companheiro que estava com filho bebê nos braços, em Jaboatão
Reprodução/WhatsApp
Os nomes dos envolvidos não serão divulgados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O bebê de 11 meses, filho do homem assassinado, está sob os cuidados da avó paterna, que mora no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife.
Segundo a mãe do rapaz, ele insistia no relacionamento com a mulher por causa da criança. "Ele dizia que só estava lá [na casa] por causa do filho dele, que ele era louco pelo filho dele", contou ao g1. Ainda de acordo com ela, o homem tinha receio de perder o contato com o filho, pois relatou que a jovem o impedia de levar o bebê para visitar a família paterna.
"Ele já estava procurando até um advogado em relação a isso, para saber quais direitos ele teria se saísse da casa dela, porque ela ficava o tempo todo dizendo que ele não iria pegar a criança", afirmou a irmã.
A mãe e a irmã também contaram que, mesmo com brigas e rompimentos recorrentes, o homem continuava frequentando a casa da jovem. As filmagens do dia do homicídio mostram, inclusive, os dois sentados lado a lado no sofá, cerca de uma hora antes de o crime acontecer. Porém, pelas imagens, é possível ver o homem provocando a mulher com uma faca.
"Naquela filmagem, ele deitado no sofá com ela com o celular na mão, ele pegou com a faca na perna dela, é porque ele era muito brincalhão. [...] Não era um menino de briga, nunca brigou, nunca foi preso, nunca teve ocorrência de nada meu filho", disse a mãe do homem assassinado.
Mulher alega legítima defesa
A jovem presa pelo crime alegou que agiu em legítima defesa. A advogada Creuza Almeida, que assumiu a defesa dela inicialmente, havia informado que a mulher sofria ameaças de morte pelo ex-companheiro e que esfaqueou o homem porque ele queria levar o bebê embora. Além disso, afirmou que a ação dela foi "sem qualquer intenção de provocar a morte do rapaz".
No termo de audiência de custódia, a juíza Mirna dos Anjos Gusmão informou que a mulher presa "declarou que nunca pretendeu matar a vítima e que o golpe de faca foi desferido em legítima defesa própria e de seu filho menor, temendo pela vida de ambos, informando ter sido um relacionamento conturbado".
Após uma mudança na defesa da jovem, a nova advogada que assumiu o caso, Emilly Amaral, divulgou nota nesta quarta-feira (2) dizendo que:
"o relacionamento do casal durou aproximadamente dois anos, com períodos de separações e reconciliações, sendo que, na data do ocorrido, já estavam separados há cerca de seis meses";
"ainda assim, era habitual que o ex-companheiro frequentasse e pernoitasse na residência para visitas ao filho do casal, convivência esta que sempre foi incentivada" pela jovem;
a mulher foi "vítima de reiterada violência psicológica ao longo do relacionamento, marcado por episódios de controle e ciúmes por parte do ex-companheiro";
a violência doméstica era "praticada de forma silenciosa, sem registros prévios de denúncia por medo e constrangimento";
no dia do crime, a jovem contato com os canais de emergência da Lei Maria da Penha por WhatsApp e ligou para a Polícia Militar;
"tais tentativas não foram concluídas em razão da presença do ex-companheiro no local, circunstâncias que poderão ser devidamente comprovadas por meio dos registros e prints das conversas, que já estão à disposição das autoridades competentes";
a jovem "encontra-se profundamente abalada emocionalmente, lamenta profundamente o desfecho dos fatos e reforça que não teve qualquer intenção de cometê-los";
ela é "uma vítima silenciada de ameaças e de violência psicológica no relacionamento, onde muitas mulheres não tem coragem de dar o primeiro passo e denunciá-las";
após o assassinato "passou a temer por sua segurança e de seus três filhos, pois foi alvo de ameaças";
a jovem coloca-se à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários.
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